Desintoxicação
Por Tim Challies |
O propósito dessa série de artigos é guiar jovens através de uma desintoxicação sexual. As mensagens sobre sexo ensinadas na sociedade e, especialmente, na pornografia têm deixado uma geração inteira de homens com falsas perspectivas sobre o ato, o significado e o propósito do sexo. No último artigo, tentamos montar juntos o princípio de uma teologia do sexo, mostrando por que Deus nos deu o sexo, por que ele nos deu o desejo sexual, e por que ele deu o desejo sexual em medidas desiguais para homens e mulheres. Agora que vimos o que é o sexo, vamos ver o que o sexo não é, e, então, começar a mostrar que você pode amar sua esposa através do ato sexual. Agora que entendemos o significado e o propósito do sexo, somos levados a perguntar: como um marido expressa seu amor por sua esposa no quarto? É aqui que chegamos ao que sei que provavelmente você quer ou precisa realmente saber – o que devo e o que não devo fazer na cama?
Entretanto, primeiro vamos parar rapidamente para olhar o lado negativo do sexo, e ver o que o sexo não é.
Sexo não é…
Sexo não é supremo. Você talvez não aprenda isso desta sociedade e certamente não aprenderá da pornografia, mas sexo não é a coisa mais importante. Sexo é um bom e maravilhoso dom de Deus, mas não é algo supremo. Dentro do casamento e fora dele, há uma tendência de tornar o sexo maior do que ele é, de permitir que seja um tipo de ídolo. Nossos ídolos são sempre coisas boas a que damos muita importância. Sexo é exatamente esse tipo de coisa boa que pode ser transformada em algo muito maior. Um bom dom de Deus pode começar a usurpar a posição do Deus que o concedeu. Poucas coisas da vida levam à idolatria com uma frequência tão grande, com tanto poder, quanto o sexo.
Sexo não é trivial. O sexo é muito poderoso para que brinquemos com ele. É quase impossível alguém lidar trivialmente com o sexo e não ser atraído por ele de uma maneira mais completa. É muito poderoso, muito cativante. Um namorado e uma namorada que começam a fazer sexo raramente serão capazes de parar, mesmo se eles quiserem muito. Um garoto que começa a se masturbar raramente será capaz de simplesmente parar. Como você provavelmente sabe, uma pessoa que começa a ver pornografia em breve desejará ver mais e mais. É claro, isso é parte da função do sexo – Deus desejou que isso fosse atraente, desejável e quase irresistível. Mas, fora de seu contexto apropriado, o sexo é cativante, levando ao aprisionamento pelo pecado. Portanto, não devemos brincar com o sexo. Ele deve ser inteiramente evitado fora de seu contexto apropriado e, então, totalmente recebido dentro do casamento. Não há espaço para algo mais ou algo menos.
Sexo não é primariamente sobre você. Esposas podem testificar muito bem que têm um entendimento melhor deste conceito que seus maridos. Ainda assim, sexo não é, em última análise, sobre seu cônjuge. Sexo é sobre Deus. Embora um marido possa ser motivado pelo desejo de unir-se a sua esposa e fazer sexo com ela, ele deveria, em última análise, fazer isto por obediência ao mandamento de Deus de que marido e esposa desfrutem do sexo frequentemente. Embora uma esposa possa ser motivada pelo desejo de agradar seu marido ou evitar uma briga, sua motivação primária ou principal deveria ser obediência a Deus. Mesmo que você não tenha desejo de fazer sexo, faça por amor a seu cônjuge. Mesmo que nem você nem seu cônjuge tenham desejo de fazer sexo, façam sexo por amor à obediência a Deus.
O problema em focar os atos
Venho dizendo que a pornografia dá a você ideias erradas sobre sexo, e você está perguntando o que isso significa. Então, aqui está a grande pergunta: o que é o sexo normal? Como pessoas normais normalmente expressam uma sexualidadenormal? Esse é o tipo de questão que você talvez seja tentado a perguntar, mas é provavelmente a questão errada. Normal é um alvo móvel, do tipo que pode mudar de casal para casal, cultura para cultura, tempo para tempo. A melhor questão é: qual é o propósito de Deus para o sexo? Essa é uma questão ampla, que nos levará a uma resposta que pode incluir mesmo atos particulares, e excluir outros. Ainda assim, não desejo me prender em atos sexuais em particular, uma vez que isso talvez sirva mais para distrair que ajudar. E espero que essa questão possa nos levar de volta ao resto dessa série, construindo esta teologia da sexualidade. Se você ainda não leu esses capítulos, seria uma boa hora para parar e fazer isso.
O princípio que nós, como humanos, sempre queremos perguntar é: “até onde eu posso ir?”. Mas a questão melhor, mais bíblica, quando se trata de sexo é “o que a dá prazer?”. É claro que mesmo essa boa questão deve ser perguntada com uma consciência de que existem coisas que Deus expressamente proíbe, e outras que ele expressamente ordena. Esses são limites firmes. Sexo deve ser somente e sempre entre marido e esposa. Introduzir alguém mais nesse relacionamento, seja fisicamente, ou apenas graficamente, como por meio da pornografia compartilhada, é uma perversão da natureza um-a-um da sexualidade. Sexo deve ser feito em amor, não com raiva (o que significa que um homem pode estuprar sua própria esposa, se ele se impõe violentamente sobre ela. Que violação do sexo!). Sexo, como tudo mais na vida, deve ser feito com autocontrole, não com uma ausência insensata de domínio próprio.
Dentro desses limites dados por Deus, entregues para nosso bem, existe uma tremenda liberdade. É a liberdade para explorar, descobrir, brincar, dizer “sim”, “não” ou “nunca mais”. Mas é uma liberdade que precisa ser santificada, ser feita santa, especialmente para aqueles que tiveram seu entendimento de sexo moldado pela pornografia. As coisas que supostamente estimulam as estrelas pornôs muito provavelmente não são as coisas que estimularão sua esposa ou que a farão se sentir amada e valorizada ao invés de diminuída em seu leito conjugal. Por quê? Porque as coisas que você tem visto na pornografia são coisas que foram criadas para excitar aqueles que já estão endurecidos contra o que é bom e puro. Aqueles são atos preparados para estimular o coração endurecido, não o coração amável (coloquei em itálico porque quero que você entenda, que pense sobre isso). Você entende o que estou dizendo aqui? Muitas das coisas que vemos na tela quando assistimos pornografia não é o tipo de coisa que você deveria tentar fazer ou impor à sua esposa. Revistas e sites de aconselhamentos (cristãos e não-cristãos) estão cheios de questões sobre o que constitui um comportamento sexual normal. Quando vejo as questões que as pessoas fazem, não é difícil saber quais têm visto pornografia. As perguntas que elas fazem são essencialmente “tudo bem se eu e minha esposa realizarmos esse ato pornográfico?”.
O sexo é amável. Você vê amabilidade na pornografia ou você vê violência? O sexo é doce. Você vê doçura na pornografia que você assiste ou é algo degradante? O sexo é altruísta e doador. Mas a pornografia não é totalmente sobre conseguir e sobre conquistar? Não é sobre ter minhas necessidades satisfeitas agora? Sexo tem limites. Mas a pornografia não supõe que tudo que sinto ou qualquer coisa que eu deseje é aceitável simplesmente porque eu a desejo? A pornografia zomba dos limites.
Mas eu não posso…?
Se eu fosse te dar uma lista de “faça” e “não faça”, esse seria o lugar para fazê-lo. Ou poderia escrever um longo checklistcom x em algumas caixas e em outras, não. “Sim você pode fazer isso, sim você pode fazer isso, não você não pode fazer isso”. Em certo sentido, sinto que seria útil, mas ao mesmo tempo, indubitavelmente refletiria minha consciência, minhasforças, minhas fraquezas. Seria inevitavelmente legalista por um lado, e licencioso por outro. O que um casal acha abençoadamente prazeroso pode ser repulsivo para outro. A liberdade de alguém é o cativeiro de outra pessoa. Essa é uma das estranhas realidades da maneira que Deus nos fez – eles nos fez diferentes e nos deu diferentes consciências. Portanto, há grande liberdade dentro do casamento para explorar, tentar novas coisas e desfrutar de coisas que são mutuamente prazerosas.
Ao invés daquela longa, porém desapontadora e inútil checklist, deixe-me oferecer os seguintes direcionamentos e deixar que você, em algum momento, o complete com sua esposa. Aqui estão algumas perguntas úteis a se fazer.
O que está em meu coração? Tudo que fazemos, seja no quarto ou em outro lugar, é motivado pelo coração. Portanto, há mais valor em perguntar “o que está em meu coração para que eu queira fazer isso?” que “esse ato em particular é errado?”. Jesus ensinou seus discípulos que é o que vem de dentro, não coisas externas, que contaminam um homem (Marcos 7). Todas as coisas más, quer adultério ou cupidez ou imoralidade sexual, vêm de dentro. Portanto, você precisa ter um coração amável e desejar olhar dentro de seu coração para procurar sua motivação. Faça somente aquilo que é motivado pelo amor por sua esposa. Evite coisas que são motivadas por qualquer tipo de pecado.
Este é o ato de um dominador ou de um servo? Você sabe muito bem que muitos dos atos dentro da pornografia são atos de conquista, não atos de amor e serviço. Você sabe que, na pornografia, o prazer do homem é geralmente bem maior e bem mais genuíno que o da mulher. Não submeta sua esposa a atos que fariam ela sentir-se como apenas um meio para um fim, que fariam ela sentir-se dominada ao invés de amada e sustentada, como se ela fosse maculada ao invés de valorizada.
Isso traz prazer a um ou a ambos? Um dos propósitos do sexo é trazer prazer mútuo. Em seu melhor, o sexo permite que ambos os cônjuges deem e recebam prazer ao mesmo tempo, e por meio dos mesmos atos. O sexo é único nisto, e poderoso e satisfatório de maneira única. Pode acontecer de haver alguma desigualdade no doar e receber prazer, mas cada cônjuge sempre deveria procurar o maior prazer do outro, não de si mesmo. Nunca se agrade às custas de seu cônjuge; não cometa atos que são prazerosos para um e repugnantes para o outro.
Isso perturba sua consciência ou a do seu cônjuge? A consciência é um dom especial de Deus e algo que ele nos ordena a ouvir (Tito 1.15). Enquanto Deus nos dá a todos a mesma Lei por meio de sua Palavra, ele dá a cada um de nós uma consciência que é toda nossa. É-nos exigido que ouçamos essa consciência e não a violemos. Não viole sua consciência a respeito de certos atos, e nem engane sua esposa ao violar a dela.
Você pode agradecer a Deus por isso? É difícil agradecer a Deus por coisas que fizemos em violação à Lei ou à consciência. Ao considerar atos particulares, é importante pensar se você seria capaz de agradecer a Deus por eles. Não faça nada pelo qual você não possa agradecer a Deus.
Em muitos casos, esses direcionamentos podem ser desapontadores, ao convencê-lo de que certas fantasias alimentadas pela pornografia podem não se realizar. Você descobrirá que existem coisas que você assistiu e que você gostaria de tentar, porém elas violam alguns dessas questões. Algumas coisas que são normais na pornografia são proibidas por Deus e são pecado contra ele e contra seu cônjuge. Entretanto, se você confia em Deus, você saberá que ele te dará graça não apenas para superar – na verdade, superar a si mesmo – mas também, para encontrar prazer maior em coisas maiores e mais puras. Muitos casais comprometidos lhe dirão que, durante anos e décadas, eles encontraram grande e crescente prazer naquilo que, de acordo com a pornografia, seria um sexo bem chato. Os anos de sexo com o outro têm provado ser bem mais interessantes, bem mais atraentes, bem mais satisfatórios que qualquer prazer que eles encontrariam fazendo loucuras. Você confia, em Deus, que este pode ser o caso para você e seu noivo?
Traduzido por Josaías Jr | iPródigo
Notas:
Esta série foi originalmente publicada por Tim Challies em seis partes e mais tarde foi compilada em dois e-books, disponíveis em formato PDF neste link.
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